ÁRTEMIS

Ártemis é filha do incansável Zeus com Leto, e irmã gêmea de Apolo. Seu parto foi rápido e fácil, mas o do irmão, que veio em seguida, durou nove dias e nove noites. A companheira de sofrimento de Leto foi a própria Ártemis, que ainda ajudou no parto do irmão.

Depois dessa experiência, Ártemis definiu o primeiro pedido que faria ao pai: quis ser virgem para sempre, ou seja, inviolada e independente. Os pedidos seguintes equiparavam-na ao irmão, o Arqueiro de muitos nomes. Como ele, é exímia na flecha, a “Sagitária do arco de ouro”.

Deusa selvagem, não quis uma cidade consagrada a ela. Preferiu as montanhas e as florestas como morada, próximas às fontes de água pura, donde também ser chamada de “Potâmia”. Amiga dos animais selvagens, Ártemis tanto caça quanto protege, ganhando mais os nomes de “Senhora das Feras”, ou “Dama das Montanhas Selvagens”.

Seu campo de atuação inclui as mulheres. Sempre se fazia acompanhar por um séquito de pré-adolescentes alegres e barulhentas, e era a principal protetora das Amazonas, as mulheres guerreiras.

Ártemis é uma deusa grande. Traz essa qualidade no nome e na aparência: um de seus “apelidos” mais conhecidos era Orthía, ou “a Alta”. Era chamada também de Deusa Ursa, e as meninas que lhe eram consagradas eram chamadas de “ursinhas”. Embora virgem como Atená, seu aspecto é bem diferente da aguda deusa da guerra: Ártemis é opulenta, tem seios grandes e redondos, é cheia de curvas. Seu corpo é exultante de vigor, e sua natureza também. É a única deusa sempre retratada à moda de Esparta, com as pernas de fora e arco sobre o ombro, e os espartanos sempre faziam sacrifícios à Ártemis, antes das batalhas.

Apesar de ligada à fecundidade e fertilidade da vida selvagem, Ártemis jamais se deixou enredar pelas artes de Afrodite. Por outro lado, também não dedicava aos homens a mesma admiração respeitosa que Atená. Quando, às vezes, algum caçador desavisado tentava observá-la, sofria os mais terríveis castigos. Sua sensualidade está ligada à sacralidade da vida selvagem, que conhece a fertilidade e a maternidade, mas não o casamento, nem mesmo o amor.

O arquétipo de Ártemis é de total independência do espírito feminino, que sabe competir e desconhece obstáculos. Sua natureza a predispõe a participar de qualquer movimento por igualdade ou liberação.

Ártemis é a Anima independente.