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DEMÉTER

Encontramos Deméter transformada em égua veloz, tentando escapar de Posídon, o deus dos mares. Seu esforço foi em vão: violentada como Hera, Deméter dá à luz uma filha cujo nome só os iniciados podiam pronunciar: Core, a Jovem.
O nome de Deméter vem de Guê-Mater, ou Gaia Mater, a Mãe Terra.. Entre as gregas, é a mais próxima da Grande Mãe pré-histórica, nutridora mãe das sementes e da agricultura. A história de Deméter e Core pode ser lida como uma alegoria do ano agrícola.

Num luminoso dia de primavera, Core, a virgem, colhia lírios, quando foi desejada por Hades, o deus dos subterrâneos. Hades abriu um abismo aos pés dela e carregou-a, deixando a mãe em desespero. Deméter não sabia o que tinha acontecido, apenas ouviu o grito agudo da filha e, quando acudiu, ela tinha desaparecido.

Então a Deusa-Mãe passou a vagar pelo mundo, em busca de algum sinal de Core. Vestiu-se de negro em sinal do luto e por nove dias e nove noites não comeu, não bebeu e não se banhou. No décimo dia encontrou Hécate, que vive nos subterrâneos e viu a menina ser arrastada para lá. Em seguida Hélio, que tudo vê, contou tudo que tinha acontecido, e Deméter, revoltada, decidiu não voltar mais para o Olimpo, abdicando de sua função nutridora.

Uma seca terrível caiu sobre a terra. Nenhuma erva crescia, nenhum grão germinava. Os pobres mortais e suas criações morriam à míngua. Os deuses enfraqueceram, porque eles precisam dos sacrifícios dos mortais. Então, o grande Zeus veio pedir uma trégua a Deméter, e intercedeu junto a Hades para que devolvesse Core. Mas Hades tomou suas precauções: ofereceu a ela uma doce romã de seu jardim. Quando mordeu a fruta e sentiu suas sementes na boca, a jovem se viu diferente: agora ela era Perséfone, rainha dos subterrâneos, pertencia ao reino de Hades e ali estava presa para sempre! Ela poderia voltar ao Olimpo, mas apenas alguns meses por ano...

Perséfone correu para a mãe, que percebeu de imediato o quanto ela mudara. Mas a felicidade do reencontro fez a terra cobrir-se instantaneamente de verde, numa nova e esplendorosa primavera.

Deméter é a terra cultivada, mãe do grão. Core é o grão, que cai e se esconde sob a terra antes de brotar em novos rebentos e amadurecer novamente. O arquétipo de Deméter reage com depressão e resistência; seu poder é criativo e fecundo, e em geral dirige suas energias para os filhos, ou para aqueles de quem cuida.