HÉSTIA

No início, esferas de fogo rodopiavam pelo caos informe buscando um centro, uma referência, um começar. O Sol, apenas mais uma estrela, dançava na escuridão, sedento de existência...De repente, a explosão: a estrela se faz em pedaços e passa a ser seu próprio centro flamejante, o fogo do início do mundo, inaugurando em torno de si mesma um novo espaço, um novo fato.

Assim é Héstia...

Na Grécia olímpica, é ela quem, a partir de seu próprio corpo, funda o Lugar & o Fato. Uma casa, praça, templo, cidade ou o mundo. O fogo aquece, cozinha, ilumina e desenha uma mandala cujo centro é a chama - e essa mandala é o corpo de Héstia. O altar.

Como presença de pura imanência, Héstia permaneceu sem história e sem imagem. Até sem nome - hestia (¢Est¢ia) significa, no grego clássico, lar, altar ou lareira. Mas em qualquer praça pública da Grécia, na ágora, mesmo a menor de todas, havia um altar, uma Héstia, como um lar público. Podia ser apenas uma pedra branca, mais ou menos circular, com fogo no meio. Em todas as praças, casas, bares, templos... Até no imponente templo de Apolo, na sala grande (Megaron), o fogo inextinguível de Héstia está aceso, e a primeira oferenda ou o primeiro sacrifício é sempre dela.

Héstia dá significado ao espaço pelo acontecimento, presidindo-o e guardando sua referência. É o próprio fundamento da vida.

Cada estrela é uma promessa de Héstia ...

O arquétipo referente à Héstia é amante da solidão, auto-suficiente e profundamente subjetivo, com grande capacidade de concentração. A descoberta do fogo que surge dos interiores e agrega inteireza e totalidade é seu alimento. Busca e distribui harmonia e equilíbrio, fugindo à exposição. Identifica-se com a guardiã.